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VISITA MONITORADA E INCLUSÃO

NÃO-DITO

Professor Roberto França e parte da turma de alunos, em visita a exposição

  A exposição fotográfica NÃO-DITO, da artista visual pernambucana Ana Lira, recebeu no sábado passado, 28, a visita de 46 alunos do curso de Pós Graduação em Educação Especial e Inclusão da Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA). Fomos acompanhar esta visita e registrar os reflexos deste, que se apresenta como um projeto para além de apenas uma exposição em um espaço cultural da cidade, mas também lugar de discussão e inclusão de cidadãos com deficiência visual, surdos e ensurdecidos no circuito da arte.

  Os alunos que participaram da visita são do curso que existe há cinco anos na FIBRA. A visita foi acompanhada pelo professor Roberto França, da disciplina de Artes, Música e Lúdico na Educação Inclusiva, que juntamente com os alunos, participaram de bate-papo com a artista e palestra com Aline Corrêa, audiodescritora e idealizadora do Coletivo Communicare, que juntamente com Alan Carlos, interprete de libras, contribuem no projeto. O coletivo vem desenvolvendo diversas atividades na capital em diversas áreas da cultura desde o ano passado.

Além da exposição, cuidadosamente estruturada com fotografias impressas sob acrílico, cartazes e vídeos, a oferece espaços para participação e discussão sobre seu tema central, que é a política, oferecendo também visitas agendadas para grupos e escolas e acompanhamento de monitores para cegos e surdos, possibilitando com isso uma importante e necessária abertura para além de apenas responder a premissa do edital da Funarte no qual a artista foi contemplada, mas oportunizar a reflexão e construção de políticas realmente inclusivas para indivíduos ainda invisíveis para nossa sociedade.

Aline Corrêa no processo de audiodescrição.

“O curso tem como objetivo formar um educador sensível à questão da inclusão, de perceber o que é ser diferente através da ótica da normalidade, de diminuir o processo de exclusão, na verdade em todos os sentidos a partir da educação. Chamou muita atenção o título da exposição. O que nós vivenciamos aqui foi algo inédito. O objetivo maior foi a artista, a equipe que está presente, a movimentação que isso trouxe e confirmar minha teoria, da necessidade da valorização do trabalho do outro, da percepção e da intencionalidade no processo de inclusão” destacou Roberto França.

  A visita durou toda a manhã do sábado e contou, além da visita a exposição, com um bate papo com a artista e uma pequena discussão acerca da importância do profissional de mediação para cegos e surdos, item inclusive de lei e que, assim como na maioria das capitais brasileiras, infelizmente ainda pouco presente na capital paraense.

Alunos do curso visitam a exposição

  Para Ana Cristina Vitório, graduada em Ciências naturais e aluna da pós-graduação, a visita superou suas expectativas. “A visita possibilitou perceber a questão do engajamento, de você chegar e ter um lugar aberto ao público. Não somente para um público de pessoas ditas normais, mas aberto para pessoas com outras deficiências, aberto para pessoas cegas, surdas, tem rampas que possibilitam isso. Foi bem interessante da exposição abrir para todas as pessoas. Estamos acostumados a ver as pessoas que têm alguma deficiência, que na maioria das vezes ficam em casa. Os pais têm vergonha ou acham que os filhos não são capazes de fazer esta ou aquela atividade. A partir do momento que eles percebem que existem locais que são abertos para seus filhos, que eles podem ter este livre acesso de ir e vir, é muito válido” declarou a aluna.

  Na opinião de Nilton Monteiro Filho, pedagogo, aluno do curso e cego: “É muito interessante. Primeiro pela questão pessoal, de ter a oportunidade de passar por essa experiência, de acompanhar uma obra de arte. A audiodescrição é uma ferramenta muito importante de autonomia, de estimulo à abstração. No coletivo, tem-se a oportunidade de perceber outras pessoas enxergando com outra perspectiva a importância que tem para esse público, para essa demanda. Um projeto com estas características reflete a preocupação da Funarte em proporcionar, oportunizar as pessoas com deficiência a vivenciarem esta experiência. Uma democratização plena. Não é raro acontecer de pessoas cegas olharem para uma obra de arte com o olhar de um eventual descritor. A audiodescrição dá a oportunidade para a pessoa cega criar sua própria visão, seu próprio olhar em relação àquela obra. Um exemplo que deveria ser seguido por mais artistas e outros editais” conclui Nilton.

Saiba mais sobre a exposição clicando AQUI

Entrevista exclusiva com a astista visual Ana Lira. Clique AQUI

Por Afonso Gallindo/Comunicação RRN

Janeiro/2017

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