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Desde pequeno, Alexandre Sequeira já gostava de desenhar, pintar e mexer com argila. Na escola, adolescente, era um dos primeiros a se envolver em eventos culturais na Escola de Aplicação da UFPa. Este foi o início da trajetória deste artista paraense, que até hoje se permite transitar entre linguagens e nos devolver com obras que conduzem a reflexão de nosso cotidiano.

 

A brincadeira virou objetivo na vida. Este, hoje vigoroso artista visual, formado em Arquitetura e especialista em Semiótica e Artes Visuais pelo Instituto de Ciências da Arte da UFPa, Mestre e doutor em Arte e Tecnologia pela UFMG e hoje, professor da Faculdade de Artes Visuais da UFPA. Seu trabalho ganhou mundo e reconhecimento com obras de delicada, porém profunda, reflexão do universo amazônico.

 

Em sua carreira, Alexandre acumula inúmeras exposições e participações em simpósios, seminários, dentre outros circuitos de arte por quase todos os estados do Brasil e exterior, com destaques a "Une certaine amazonie" em Paris/França, Bienal Internacional de Fotografia de Liège/Bélgica, Exposição no Centro Cultural Engramme em Quebec/Canadá, X Bienal de Havana/Cuba, Festival Internacional de Fotografia de Montevideo/Uruguai, Simpósio e exposição “Brush with Light”, em NewPort/Reino Unido; Festival Internacional de Fotografia de Pingyao/China, exposição “Gigante pela própria natureza” em Valência/Espanha, “Contemporary Brazilian Printing” em New York/EUA, “Geração 00 – a nova fotografia brasileira e Projeto Portfólio-Itaú Cultural em São Paulo/Brasil, Paraty em Foco 2009, FotoFestPoa 2010 e 2011, Festival Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro 2011, Festival de Fotografia de Recife 2010, dentre tantos outros. Alexandre tem hoje seu trabalho citado em importantes publicações sobre Arte contemporânea brasileira, além de obras de sua autoria em acervos do Museu da UFPa, Espaço Cultural Casa das 11 Janelas, Coleção Pirelli/MASP, Museu de Arte do Rio/MAR, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Coleção de Fotografia da Associação Brasileira de Arte Contemporânea – ABAC, além de coleções particulares pelo Brasil e exterior.

 

Recentemente, entre outras atividades e participações, uma ganhou destaque especial. Foi convidado pela direção do Museu de Arte do Rio – MAR e inaugurou no ano passado, 29 de novembro, em sua sede (RJ) a exposição Meu mundo teu. Os trabalhos do paraense são processos de encontro e convivência que costumam ter, na fotografia, uma potente mediação. As obras exploram a sua relação com pessoas, lugares e motivações. Torna-se quase impossível transcrever a combinação entre imagem e alteridade presentes no processo do artista, claramente visceral, que apresenta não exatamente obras, mas processos de convivência e colaboração que geram um conjunto de imagens, memórias, sons, narrativas, objetos. Um convite a experiência sensorial que deve ser sentida e não apenas visitada.

 

Foi com uma pedrada que Alexandre Sequeira conheceu Jefferson Oliveira. O menino estava trepado numa árvore da Ilha do Combú, bairro da periferia de Belém, e não teve dúvidas quando viu o estranho se aproximar. Se a pedra atirada foi o pretexto que Alexandre precisava para estabelecer um diálogo com o garoto então desconhecido, por sua vez, a câmera fotográfica do artista foi o dispositivo que possivelmente fez com que fosse imediato o desejo de prolongamento dessa conversa por parte do menino. Mas o tal diálogo, ficamos sabendo, não era exatamente entre Jefferson e Alexandre, senão entre o garoto e Tayana Wanzeler – moradora do bairro Guamá, a muitos quilômetros de distância, na outra margem do rio –, a quem o artista conhecera anteriormente, durante uma oficina de desenhos. Alexandre e sua câmera eram os mensageiros e os mediadores da relação entre os dois adolescentes, que só viriam a se conhecer aproximadamente um ano depois da pedrada, quando já haviam trocado dezenas de cartas e criado imagens em conjunto, sobrepondo – e, assim, conjugando – a realidade de um na fantasia do outro. À vivência com Tayana e Jefferson, Alexandre Sequeira deu o nome de Meu mundo teu, expressão que aprendera com o garoto.

 

Através da curadoria de Clarissa Diniz e Janaína Melo, a exposição ganha uma dimensão mais ampla e apresenta, além da retrospectiva do artista com seus maiores projetos, incluindo o que dá nome à mostra, um trabalho feito, exclusivamente, para esta exposição e que apresenta uma relação com o território do museu.

Meu mundo teu

© Thales Leite

Inserido neste universo, uma espécie de laboratório de processo em aberto, apresentado em estado orbital por meio da Constelação de Tião, projeto de Alexandre Sequeira em colaboração com Aline Mendes, ativista e moradora do Morro da Providência e participante do Vizinhos do MAR. Eles se debruçaram no acervo fotográfico de Tião, retratista desta região e do morro, entre as décadas de 1960 e 1980, trazendo esta testemunha e agente da história portuária do Rio, somado a pluralidade e a eloquência presentes na obra de Tião, apontando para a dimensão política do afeto, das relações, da amizade e da saudade, territórios da memória e de suas estratégias de resistência – dentre elas a imagem e, particularmente, a fotografia.  Identifi-

© Thales Leite

cado com Tião, Alexandre o abraça em seu Meu mundo teu pela vontade de continuar trançando pronomes, como se buscasse, por fim, desfiar a preponderância do eu. Aline e Alexandre procuraram as pessoas dos retratos feitos por Tião e, além de uma nova imagem, capturaram depoimentos desses personagens. A instalação apresenta imagens antigas de Tião, ao lado de fotografias de Alexandre formando uma constelação que conta também com diversos monóculos do mesmo acervo.

 

A exposição ainda traz uma instalação de 2008, Cerco à memória, ano em que Alexandre trabalhou com comunidades quilombolas e se envolveu com a problemática dos incêndios criminosos dos cemitérios dessas comunidades, maneiras perversas de romper vínculos afetivos e assim expulsar as pessoas daquela terra. A instalação vai fazer com que o público se sinta parte deste espaço em chamas. Em Entre Lapinha da Serra e o Mata Capim, Alexandre criou uma relação com Rafael e seu avô em Lapinha da Serra, Minas Gerais. Alexandre deu vida à imaginação do menino de 13 anos a partir da fotografia e, além das imagens, leva para o MAR uma armadilha para caçar discos voadores criada pelo menino e uma foto em tamanho real da “mulher mangueira”.

 

SERVIÇO

Meu mundo teu, exposição de Alexandre Sequeira

De 29/11/16 à 5/2/2017

Terça a domingo, das 10h às 17h. Às segundas o museu fecha ao público. Para mais informações, entre em contato pelo telefone (55 21) 3031-2741 ou acesse o site www.museudeartedorio.org.br

Praça Mauá, 5, Centro. CEP 20081-240 - Rio de Janeiro/RJ.

 

Dicas de como chegar http://www.museudeartedorio.org.br/pt-br/visite

 

FONTES: Sites Museu de Arte do Rio, FOTO FESTIVAL e Revista TUCUNDUBA (FAU/UFPA)

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