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JAN

2016

ABR

2017

Biografia

  Afonso José da Silva Camargo nasceu na cidade de Santarém-PA, em 16 de novembro de 1969, vindo de uma família de artistas. Camargo Fona, como é conhecido artisticamente, herdou toda técnica e educação para um olhar amazônico de seu pai Pedro Fona. Tem suas produções espalhadas, além do Brasil, pelos EUA, Europa (Espanha, Portugal e Itália). Em Roma, através do convite de D.Roberto Adido Cultural da Itália no Brasil, presenteou através da Comitiva Pastoral do Brasil na Itália uma tela ao Papa Bento XVI, onde retrata o espírito amazônico frente às adversidades da globalização, trabalho este que mais tarde rendera ao Brasil e ao artista uma exposição no Vaticano. O artista expõe constantemente em Ferrara, mantendo assim uma forte ligação de sólida amizade com artistas italianos. No momento, desenvolve atividades artísticas e trabalhos voltados para cultura no município de Parauapebas.

  A Itália, onde sua produção é conhecida e discutida através do serviço pastoral de Dom Roberto, na cidade de Ferrara, este rendeu-lhe uma exposição especial no Vaticano, mostrou a vida simples do homem amazônico frente às adversidades do mundo em transformação globalizante, sua inspiração vem de sua terra, sua gente, gente mocoronga. Gente mocoronga vem das influências do encontro desses dois gigantes rios: Amazonas e Tapajós. Vem das matas, dos lagos e igarapés. Vem do interior onde se produzem as cuias que ornamentam as casas paraenses e de outros lugares onde nossa cultura ribeirinha alcança, de um tom quase florescente e banhado pelo sol de sua terra, saem de suas telas as densas matas e rios cristalizados, palmeiras a balançar sob o doce banzeiro dos rios. Sua técnica simples e precisa nos leva a supor que, mesmo ausente (de sua terra), o artista jamais esqueceu ou esquecerá suas raízes, para ele todo tempo é tempo para aprender e a natureza nos mostra isso. Na sua vida agitada o artista está desenvolvendo outras temáticas como a técnica de velatura* na pintura hiper-realista e recentemente teve contato com o velaturista Irlei Silva com o qual aprimorou mais esta técnica e surgiu uma amizade e respeitabilidade por este que hoje é considerado o primeiro artista brasileiro nessa técnica**.

Nome completo: Afonso José da Silva Camargo

Nome Artístico: Camargo Fona

Idade: 48 anos

Natural de Santarém, PA

 

1 - Você nasceu numa família de artesãos e iniciou sua trajetória pintando em cuias, ainda pequeno. Fale um pouco desta etapa. O que mais lhe despertava a curiosidade?

Me lembro  com muita saudade dos momentos em família, dos momentos com meu pai e minha mãe, rodeados de paneiros  de cuias que iam abastecer a grande Belém; lembro com muita saudade de meus irmãos, cada um  talentoso, executando sua arte, as músicas e histórias, e embalavam meu sonho de ser como eles, um dia. Mas o que de fato me encantava era como meu pai gravava a canivete, na cuia, os nomes, desenhos e enfeites, verdadeiras obras de arte, e com uma agilidade de impressionar.

2 - Como aconteceu a mudança para escultura? O que motivou a fazer isso? Tem preferência por algum suporte em especial?

A escultura veio por meio de um amigo da família, mestre Renato, que me orientou desde cedo a manipular o cinzel e a talhadeira. De certa forma eu já estava farto dos efeitos chapados da pintura, queria experimentar o tridimensional, as formas, tocá-las por completo, senti-las em sua complexidade e dimensão. Hoje me identifico com outro material, gesso e argila.

3 – Apesar do trabalho de pintura e esculturas sacras, feitos por encomenda, você desenvolve alguma outra linha de pesquisa? Hiper Realismo? Pintura moderna?

Hiper-realismo. Me identifico mais, por sua complexidade e técnicas.

4 – Atualmente você mora numa cidade cosmopolita, ou seja, composta de pessoas vindas de diversas partes do País. Isso influência no seu trabalho? Qual sua fonte de inspiração?

Sim, hoje estamos numa cidade onde o Brasil reside, através de suas pessoas, nossa gente, mas isso não me influenciou a produção. Mantenho ainda minha raiz mocoronga; ainda vejo o meu cais de arrimo em Santarém, ainda experimento um mergulho no encontro das águas de minha cidade, nos meus sonhos, nas minhas lembranças. Sabe, ter nascido em Santarém é um privilégio, ser enterrado  nela é uma honra.

entrevista

5 - Qual a importância que você percebe na consagração de Mestre da Cultura Popular? Como foi o processo? O que você achou do resultado geral? É importante existir iniciativas como esta?

A importância que sinto é a preocupação de manter as tradições culturais de nosso povo, resgatando nossa história viva. O processo se deu através da iniciativa da SECULT de nossa cidade em evidenciar nossos artista e Mestres. Quanto ao resultado, foi muito bom e acredito que o projeto não deve ficar somente por ai, temos muita gente boa, de talentos ímpares, precisamos sim de apoio, como bolsas de pesquisa para desenvolvermos aquilo que acreditamos e sonhamos no mundo da arte.

6 – Além das exposições feitas em Parauapebas, quais são os outros locais em que que já expôs? Participou de coletâneas ou salões? Onde? Com que tipo de trabalho?

Fiz muitas exposições no estado do Amazonas, em Parintins; de volta ao Pará, fiz várias em minha cidade natal, Santarém, no SESC, SENAC. Em Parauapebas, expus na Galeria Vitória Barros. Por iniciativa da igreja Católica, expus  muitos dos meus trabalhos na Itália. No Vaticano, em Roma, tenho um quadro que fora doado ao Santo Papa Bento XVl, por ocasião de suas botas sacerdotais.

7 – Como você percebe a cena artística em nosso Estado e nossa Região? Existem talentos que precisam ou merecem incentivos mais específicos?

Nossa região é riquíssima de talentos a cada dobra de nossos rios, a cada avanço de nossas periferias se vê e se experimenta um "quê" de arte. O que nossa gente não tem é incentivo por parte dos poderes constituídos. Se existe, ainda não chegou a quem de fato executa. Temos que aumentar nossos lastros de investimentos para a cultura com ênfase nas culturas populares, pois são estas as verdadeiras colunas de nossa cultura brasileira.

8 – Está desenvolvendo alguma série nova? Quais os projetos para o futuro?

Estou trabalhando em dois novos projetos. Um, que envolverá pesquisa e doação, se trata de manifestar, através de desenhos monocromáticos, as fachadas dos fóruns de nossas principais cidades paraenses, com destaque para a arquitetura e história do local; outro se dará por meio de pinturas de pequenos formatos de nossa fauna, com ênfase na pintura em óleo de nossas aves que habitam a Floresta de Carajás. 

Assista entrevista com o Artista

* A velatura é uma técnica pictórica, na qual o artista sobrepõe camadas de tinta transparente. Espera-se que a cor precedente seque, para que uma nova mistura translúcida seja aplicada. A tinta a óleo era a preferida para esse tipo de técnica, pela demora da secagem. A tinta acrílica também permite esse tipo de procedimento. As técnicas da aquarela e da aguada trabalham majoritariamente com transparências, por meio de velaturas. O efeito pode ser entendido ao sobrepor-se folhas de celofane, experiência que altera a profundidade das cores envolvidas. / http://dicionarioportugues.org/pt/velatura

** Fonte: http://centroacademicodepedagogiapaulofreire.blogspot.com.br/2011/05/exposicao-de-arte.html

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