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AOS CINQUENTA

MODERNIZAR

  O local que atualmente abriga a Fundação Cultural de Castanhal (Funcast) está prestes a completar cinquenta anos e é um símbolo de resistência em prol da arte naquele município. Em sua contagem regressiva para seu aniversário, com uma história intimamente ligada ao crescimento da cidade, simboliza a força e a perseverança da produção cultural castanhalense.

  A cidade tem apenas 85 anos de criação, comemorados em janeiro deste ano, e população estimada em mais de 190 mil (IBGE/2016), Castanhal é o sexto município mais populoso do Estado, apresentando o crescimento acelerado nas áreas de indústrias e comércio, sendo esta última a área que mais oferta empregos (70%) e é o município mais desenvolvido da Região Nordeste do Pará.

  A Casa de Cultura surgiu em 1968, na gestão do prefeito Pedro Coelho da Mota, e abrigava a Biblioteca Pública apenas. A criação da Fundação Cultural do Município de Castanhal somente se deu mais tarde e foi fruto de uma lei municipal de 1996. Na época, a lei indicava que a Fundação teria que ser implantada entre 90 e 120 dias. Infelizmente, isso não aconteceu. Até então, a Casa de Cultura já existia há 36 anos e funcionava subordinada à então Secretaria de Educação e Cultura.

  Em 2018 irá completar 50 anos de existência e, por que não dizer, de resistência em prol do conhecimento e da cultura do município. Hoje ela oferece espaços diversificados, como a Biblioteca José Lopes Guimarães, nome dado ao ilustre historiador e castanhalense de nascença, espaço que conta com computadores para consultas e pesquisas escolares, projeção de filmes, exposições, palestras e cursos que acontecem em parceria com entidades e instituições do município, da capital e de outras cidades.

  “Sou moradora da cidade e tenho a satisfação de trabalhar na Funcast há dez anos. Aqui, respiramos a cultura, e isso é muito importante para a cidade e para os diversos artistas que aqui residem” afirma Maria Jacilene, auxiliar de coordenação administrativa da Funcast.

  A biblioteca, pilar inicial do espaço, mesmo com limitações, vem procurando acompanhar o tempo e o crescimento da cidade, atualizando conceitos, temas e títulos. Para Daniela Araújo, atual bibliotecária responsável pelo espaço, “por sua natureza ela deve ofertar diversas possibilidade. Temos atualmente os mais diversos títulos, de literatura clássica a autoajuda, obras didáticas, dicionários, enciclopédias, revistas e livros infantis. Apesar de fazermos uma seleção prévia, buscamos ofertar os mais diversos gêneros e publicações aos que aqui frequentam”. 

  E não para por ai. Atenta às necessidades constitucionais da inclusão para pessoas com deficiência, sua equipe tem procurado parcerias visando garantir títulos. “Dentro dos diversos títulos ofertados, também oferecemos um acervo em libras. Somos cadastrados ao Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, ação do Ministério da Cultura. No Pará, as bibliotecas públicas municipais encaminham suas demandas para a Biblioteca Estadual Arthur Vianna, em Belém e estas, então são repassadas para o Sistema, que responde as demandas apresentadas. Graças a este cadastramento, recebemos obras em libras, voltadas ao público infanto-juvenil” destaca a auxiliar Joelma Cristo, que trabalha na biblioteca há quase trinta anos.

  Isso reflete ser o local um espaço plural, de profunda importância para a cidade e que não está parado no tempo. Com nova administração e muitos projetos, a Funcast promete comemorar seu aniversário com estrutura física restaurada, novos equipamentos e um maior diálogo com a classe e a disposição para enveredar por novos caminhos.

NOVA ADMINISTRAÇÃO, NOVOS DESAFIOS

  O espaço passa por um momento diferenciado, para a cidade como um todo. A consciência da expectativa de mudanças pelos castanhalenses possibilitou, à atual Superintendente da Funcast, Elane Gadelha, verificar que não somente a reforma física do espaço precisava acontecer, mas também uma mudança estrutural, na maneira de fazer e de pensar a cultura, a partir de políticas públicas que realmente contemplem um maior número de artistas do município.

  “Existem grupos, coletivos de artistas produzindo. É preciso pensar a Fundação através de um viés antropológico e social. Pensar em fomento, captação de recursos para artistas das diversas expressões existentes. Importante também instrumentalizar este artista, que muitas vezes não consegue se organizar, estruturar um projeto mais competitivo e, quando falo isso, não penso somente em projetos que aconteçam em Castanhal. Temos talentos que precisam e merecem ampliar seus horizontes e isso ressalta um grande desafio, para todos nós” pontua a Superintendente.

Por este motivo, partiu dela uma visita à sede da Representação Regional Norte do Minc semana passada onde, quando, após uma longa conversa com o Chefe Substituto da representação, Alberdan Batista, formalizar o convite para uma primeira reunião na sede da fundação. Nesta reunião, que aconteceu no início desta semana e contou com parte de equipe da Funcast, Alberdan salientou a validade de tomarem com principal meta o diálogo com a classe local, através da construção de políticas públicas que atendam os anseios dos artistas locais e de como buscar recursos junto ao Ministério da Cultura para o município.

A reunião na Funcast contou com a presença de Elane Gadelha (Superintendente da Funcast), Alberdan Batista (RRN/MinC), Allan Souza (Administrativo/Funcast), Edwin Palheta (Recursos Humanos/Funcast), Luiz Ferreira (Coordenador de Projetos Culturais/Funcast) e Sandra Ferreira (Administrativo da Fundação).

“A proposta aqui lançada foi de resgate a adesão do município ao Sistema Nacional de Cultura. O município já havia iniciado o processo, mas por inúmeras questões, estancou. Estamos aqui para orientar e apoiar, de restabelecer o diálogo com o conselho composto com artistas locais e assim resgatar as demandas anteriormente apresentadas e novas que possam ser apresentadas. Somente com diálogo aberto e construção coletiva será possível que os recursos oriundos do Sistema Nacional sejam aplicados de maneira real, de maneira consistente. Castanhal dá um importante passo e torna-se um exemplo que deveria ser seguido por outros municípios do Estado,da Região e assim possibilitar que recursos federais cheguem para todos na Amazônia” finaliza o Chefe da Regional do MinC.

Por Afonso Gallindo - ASCOM/RRN

Maio 2017

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