“Terecô de Codó: uma religião a ser descoberta” é possivelmente a primeira obra sobre essa tradição religiosa de matriz africana.  O autor, Cícero Centriny, é filho da yalorixá Maria do Caboclo Sete Flexas e foi iniciado aos 12 anos no Terecô. Diante da relevância da publicação para a divulgação da cultura brasileira, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Pará (Iphan/PA) sediará o lançamento do livro, que acontece no dia 17 de outubro, às 17h. O evento é resultado de uma parceria entre o Grupo de Estudos Afro-Amazônicos (GEAM), o Grupo de Pesquisa Roda de Axé, ambos da Universidade do Pará, e o Instituto Nangetu de Tradição Afro-religiosa e Desenvolvimento Social.

  O município maranhense Codó recebeu no passado, em suas fazendas e plantações de algodão, muitos negros escravizados, cujos descendentes permaneceram em terras abandonadas pelos senhores durante graves crises na economia, ou doadas por eles aos negros, após a guerra do Paraguai, participada por muitos escravos sob promessa de alforria.

  Embora a denominação Terecô seja muito frequente no interior do Maranhão, até poucos anos era quase inexistente na literatura antropológica e era desconhecida da maioria dos sacerdotes e praticantes das religiões de matriz africana de outros estados.

  De acordo com a antropóloga Mundicarmo Ferretti, por meio dessa obra “um autor popular expressa diretamente a sua visão de mundo e seus valores, quase sem intermediação de acadêmicos e de pessoas de outras categorias ou camadas sociais. Sua publicação expressa a valorização da cultura popular, respeito pela diversidade cultural e um passo dado na superação da discriminação social”. A publicação também contribui para a discussão sobre a questão do bem e do mal no terecô e sobre as matrizes africanas no terecô tradicional, procurando fundamentos no vocabulário dos antigos terecozeiros e apontando elementos que parecem aproxima-lo mais do bantu e do jeje do que do culto aos orixás nigerianos.